quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Diziam adeus, mas sabiam que não seria a última vez

A respiração débil e irregular avançava contra o vidro da cabine telefônica formando breves aglomerações de vapor. Os olhos não mais cintilavam. Estavam mudos, perdidos. Os lábios avermelhados murmuravam frases incompletas, incoerentes. O peito apertava-lhe a alma. Ele, do outro lado da linha, arrancava-lhe o sentido.
Ela entrava em transe cada vez mais profundo. Ele perdia a paciência com sua estagnação. Ambos imaginavam até quando a ligação iria render, e ele mais do que ela temia um prolongamento. Certa voz feminina, até então inexistente, ecoou do outro lado da linha. Ela bateu o telefone.