quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Origami


um curto-circuito e a lâmpada queimou
no escuro, as paredes vão até onde a mente consegue chegar
e numa viagem que não valeu a pena
é como se a última peça do quebra-cabeça tivesse se perdido
e o suspiro culminante do orgasmo nunca tivesse acontecido
e os olhos nunca tivessem sido abertos
e o mundo nunca tivesse sido visto
não passou de uma sala de espelhos:
a mesma realidade limitada nas suas diferentes formas

terça-feira, 13 de novembro de 2012

On the crazy road

Às vezes sinto como se eu não soubesse o que estou fazendo da minha vida
É como se eu estivesse seguindo aqueles mesmos velhos modelos que meus pais e os pais deles seguiram
É como se eu continuasse parada no mesmo lugar e nem sequer tentasse correr
É como se eu estivesse presa num zoológico e não quisesse ir para a selva simplesmente porque é mais fácil continuar aqui
É mais fácil acreditar que não existe pote de ouro no fim do arco-íris
É mais fácil não ter do que correr atrás, ter os mesmos sonhos que todo mundo
É mais fácil aceitar o que as pessoas dizem ao invés de dizer algo completamente diferente
É mais fácil seguir o fluxo, tomar os mesmos caminhos, os mesmos atalhos

Constantemente ignoro meus instintos, reprimo meus desejos, escuto meus medos, e tudo porque eu não quero que as coisas deem errado... Mas não valeria a pena?
Eu não sei qual é a linha de chegada, qual é o ponto final dessa viagem
Mas eu sei que eu não deveria ter medo de nunca voltar

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ironia


Era um relógio de parede
Daqueles metálicos
Com algarismos romanos e lindos ponteiros
Marcava as horas como nenhum outro!
Mas veja só, que ironia
De tanto marcar o tempo alheio
O relógio não marcava o tempo dele

terça-feira, 28 de agosto de 2012


Não quero ter que fingir a anormalidade aparente ou sequer a normalidade evidente, às quais tanto me queixam e acusam, quando nem eu sei dizer se me cabe ou não a necessidade de um manicômio.
Quisera eu mostrar à eles meu médico e meu louco!

domingo, 26 de agosto de 2012

Vazio

Me é tão familiar
A insônia do vaga-lume
Vagando noite adentro
Piscando a bunda
Anunciando seu desespero
Procurando luz que lhe ilumine
... Tudo o que vejo são balões murchos de uma festa que acabou horas antes da minha chegada!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Aviões de Papel


Muitos foram os tipos de papel
Dos mais coloridos
Aos mais desenhados
Até os mais brancos e alinhados
A mim destinados

Alguns quis guardar
Outros, descartei
Pelos quais, de fato, me interessei
Dobrei, dobrei, dobrei
E fiz aviões de papel

Quando atirei ao ar meus aviões
Nenhum deles alçou vôo
Há quem diga
Que foi problema na engenharia
Há quem jure que o problema era o papel
E há quem acredite
Que a brisa não estava a meu favor

Sinceramente
Não sei qual é o problema com meus aviões de papel
Talvez eu não os esteja lançando corretamente...
Não importa o que eu faça
Eles continuam despencando do ar

Ah!... como eu queria um avião de papel que voasse

domingo, 12 de agosto de 2012

Hoje me dei conta de que nunca escrevi sobre você


Musa perdida que tanto me depravou
Fez-me querer provar o mundo inteiro
O mundo numa fatia de torta doce
Tão doce que engorda e mata
Tudo ao mesmo tempo... agora!

Você que foi sempre tão intensa
E por quem eu tanto quis me apaixonar
Você sabe, querida
O coração é imprudente em seus desejos
Mas não obedece às vontades
Ainda mais irresponsáveis da minha mente fértil

Não foi amor, nem paixão
Foi o sentimento de querer abraçar o mundo
Quando não se tem braços nem para coçar as costas!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Foi como se pequenos momentos ao longo dos últimos dias fizessem com que a sua ausência me acertasse como um tapa na cara... meu melhor amigo pintado.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Ela era como neblina densa: você podia ver, você podia sentir. Não importa aonde estivesse, só haveria neblina ao seu redor. E cada baforada de ar se confundiria com a neblina.
É, ela era como neblina densa...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Nudez

E se você tirasse a roupa
E jogasse fora toda a vaidade
O que sobraria?

Acho linda a nudez
O ato de despir-se

A nudez das palavras
Dos olhos
Do corpo
Da alma
Todos nus, na mais sincera sintonia

A nudez que liberta do supérfluo
E deixa apenas a carne
A carne que não deve mentir
Deve apenas ser aquilo que é: carne

E nós
Viemos todos ao mundo da mesma forma: nus
E na medida em que crescemos
Nos vestimos de tantos panos diferentes
Escondendo o que temos em comum
(Tão bonito o que temos em comum)
A carne na pura nudez

Difícil despir-se
E ser verdade
No entanto, que ato lindo
Deixar as peças de roupa cairem!

As roupas são apenas uma distração:
Tiram da alma a atenção dos olhos

terça-feira, 5 de junho de 2012

2012: Há mais poesia em uma garrafa de vinho vazia do que nas relações humanas.

domingo, 27 de maio de 2012

Madrugada


Pega o cigarro entre os dedos e vê como ele queima:
No papel é ateado fogo e do branco faz-se o cinza
A chama presa ao tabaco retrai-se de encontro aos dedos do fumante
E o tabaco em chamas vira fumaça, a fumaça que aquece teus pulmões...
Observa a fumaça subir e se fundir à neblina da madrugada
Olha como as almas dos poetas mortos vagam entre as ruínas do pensamento
O toque do futuro apodrece as flores: já não é primavera
Molha teus lábios deste vinho seco de que te serves
E sorri! Sorri pois já não há lágrima que te salves e nem grito que te escutem
Encara novamente teu último cigarro e sente teus dedos arderem em contato com a chama
Que te resta além de um cigarro, um vinho barato e teus últimos suspiros?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Aos poucos o sol escala a montanha de cigarros e é refletido pelas cinzas espalhadas no quarto: epifania do fim do mundo. Os lençóis estão embaixo do chuveiro, o colchão está virado do avesso, as toalhas estão sujas e espalhadas pelo chão. E o ventilador de teto gira, gira, gira... Gira até entrar num estado de confusão semelhante ao do quarto. Na escrivaninha, alguns livros abertos, outros fechados, outros sem capa, outros sem páginas... E um cinzeiro que nunca foi usado. O corpo nu carrega apenas um par de meias coloridas. A mão direita carrega uma caneta azul. O azul da harmonia que lhe falta... O azul que tenta descrever num pedaço de parede o caos que perturba sua alma. Azul...
Alguém bate na porta e, de súbito, o universo retoma seu lugar.
Quer viver, mas não quer pagar o preço
"Bom é quando faz mal"
Primeiro desgosta: depois conhece
Não fala merda, Carol!
Arregala o olho e mostra o dedo
Mal-criada!
Bem-criada... Só um pouco desbocada
Sorriso da cara-de-pato
Guarda rancor a sete chaves
E dizem que não vale nada...
Quer saber? Nem um centavo!

Old same fears

Hipocondríaca
Claustrofóbica
Bipolar
Depressiva
Masoquista
Suicida
...
E ainda tem medo de barata!