sexta-feira, 21 de maio de 2010

Vermelho

Morangos, maçãs, cerejas
Vinho barato em cima da mesa
Fogo que arde
Se apaga em saudade
- dos lençóis, das flores, das bocas
Toda faísca se perde no espaço

Culpado: vermelho
Vermelho sangue
Vermelho malícia
Vermelho nazista

Se o bem criou 'vermelho'
Dele o mal se aproveitou
Creditou sentidos ruins
À maldita cor carmim
Nele fez pecado
Incendiou todo um inferno
E tudo para se provar vermelho
Início e fim de tudo o que é terreno.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Volúpia

Ela tem a alma de um demônio e o corpo de um anjo. Seus olhos são duas navalhas afiadas, profundos e profanos. Seus lábios se formam na carne crua, em cor de fogo e ar teimoso. As mãos são redes de nós bem atados, seu toque condena e faz cada segundo no inferno valer a pena. Os sussurros traduzem a ladainha das sereias; me perco em devaneios. Estou viciado no veneno do seu existir, cauterizado pelo te querer, amargurado pelo não te ter. Como pôde alguém ser capaz de colocar tamanho sofrimento em um único ser?
Talvez um dia - amanhã - quando o sol raiar, nos deixemos levar e acordemos ambos em outro lugar, nossos corpos perdidos em lençóis vermelhos, afogados no teu sangue.

domingo, 2 de maio de 2010

Já extrai da essência

A vida não passa de uma densa neblina:
Embaça o certo
Confunde o honesto

E de repente me encontro nesse quebra-cabeças de cabeças não tão quebradas
Lastimando estilhaços
De vis espelhos rachados

Provo do fel
Vivo o réu
Encaro a cruz: por quê?