segunda-feira, 2 de abril de 2018

Eu tenho medo de um dia você
Acordar e perceber as rugas do meu
Olho direito sorrindo ao te ver de
Perceber que seu chinelo fica
Grande no meu pé e que a minha
Poesia não rima porque eu-não-sei-
Rimar eu tenho medo de você abrir as
Portas do alto do meu armário
Encontrar um quarteto de esqueletos
Mexicanos tocando mariachi descobrir
Que minha gaveta de remédios tem
Fundo falso assim como a minha
Gaveta de ideias que eu amasso e jogo
Fora e que eu não reciclo apesar de
Dizer que julgo necessário a minha
Loucura vai além do diagnóstico que
Você sabe mas ainda não compreendeu
Eu disse e você não ouviu que vou
Morrer antes de todo mundo que é
Pro mundo e você não
Perceberem.
A gente é bicho que
Quando leva pisão na
Pata rosna e ataca sem
Perceber o que tá
Fazendo e aí depois de
Uns dez minutos respira
Acalma enfia o rabo entre
As pernas e se esconde do
Mundo debaixo da cama
De solteiro.

SETE POR SETE

O bico do seu peito
Sussurou para minha
Língua: nossa! que tesão
com todo o respeito aos que falam sobre o
Sol e as estrelas e a Lua e a formação das
pedras sobre pedras e até sobre os grandes
répteis e pequenos anfíbios e sobre o
que eu nem lembro que comi no almoço de
ontem ainda que eu tenha ouvido meia
dúzia de palavras furadas e que a letra
‘B’ seja a mais furada entre todas as
letras de música que eu tenho
ouvido quando me pego pensando nos
acontecimentos dos últimos vinte e
três (quase quatro) anos de amores
magros e poesias sem métrica porque todos
sabem eu não sei rimar já dizia um poeta
amigo de curta data que a rima é
superestimada enquanto rabiscava sem
esforço algum uma coluna de vocábulos juntos
somavam poesias tão lindas que
eu ainda não tinha lido e palavras difíceis e citações
que eu nunca entendi porque meu tórax sempre
esteve cheio de nada e minha conta
bancária está no negativo há algumas
semanas eu gastei tempo demais mastigando um
sofrimento que ainda não consegui
digerir
Um desses sonhos
importantes que a
gente esquece e quando
fecha os olhos parece
que vai lembrar: de
relance vê a silhueta
embaçada escuta uma
voz conhecida ou
sente uma fisgada na
boca do estômago... de
repente você vira tenta
tocar a lembrança e
o sonho some
que nem fumaça.

AUTO RETRATO

Tatuei no tempo uma
Pincelada amarela uma
Lágrima em branco faltou
Tinta para uma orelha um
Sorriso eu escondi o
Retrato de ontem ficou
Diferente da figura na
Tela de hoje.
não adianta pedir bor-
racha se a vida escreve a
caneta