Aos poucos o sol escala a montanha de cigarros e é refletido pelas cinzas espalhadas no quarto: epifania do fim do mundo. Os lençóis estão embaixo do chuveiro, o colchão está virado do avesso, as toalhas estão sujas e espalhadas pelo chão. E o ventilador de teto gira, gira, gira... Gira até entrar num estado de confusão semelhante ao do quarto. Na escrivaninha, alguns livros abertos, outros fechados, outros sem capa, outros sem páginas... E um cinzeiro que nunca foi usado. O corpo nu carrega apenas um par de meias coloridas. A mão direita carrega uma caneta azul. O azul da harmonia que lhe falta... O azul que tenta descrever num pedaço de parede o caos que perturba sua alma. Azul...
Alguém bate na porta e, de súbito, o universo retoma seu lugar.
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