domingo, 27 de maio de 2012

Madrugada


Pega o cigarro entre os dedos e vê como ele queima:
No papel é ateado fogo e do branco faz-se o cinza
A chama presa ao tabaco retrai-se de encontro aos dedos do fumante
E o tabaco em chamas vira fumaça, a fumaça que aquece teus pulmões...
Observa a fumaça subir e se fundir à neblina da madrugada
Olha como as almas dos poetas mortos vagam entre as ruínas do pensamento
O toque do futuro apodrece as flores: já não é primavera
Molha teus lábios deste vinho seco de que te serves
E sorri! Sorri pois já não há lágrima que te salves e nem grito que te escutem
Encara novamente teu último cigarro e sente teus dedos arderem em contato com a chama
Que te resta além de um cigarro, um vinho barato e teus últimos suspiros?

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