quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A maré

Eles. Sopram mentiras aos seus ouvidos, te driblam, te contornam. Te controlam...

Digamos que as pessoas se liguem e formem apenas um ser. Absoluto, verdadeiro, absurdo. Talvez seja "Deus", para aqueles que acreditam em tais religiosidades. Para os que não acreditam, chamemos de "sociedade".
Ditam os padrões e o que deve ou não ser feito. Confundem o significado da "liberdade", assimilando à algo sujo, uma bagunça. Mas ei, não se esqueça que são um só. Para se manterem unidos, eles não podem acreditar na liberdade. São hipócritas. Pregam em discursos mal feitos ideais que jamais serão cumpridos. Eles sabem disso, mas a ilusão é sempre mais agradável aos olhos.
Unidos, é verdade. Até quando negam tal fato, bem sei eu do outro lado em meu mais profano realismo que não passa de uma desculpa para se unirem mais. Podem ter suas desavenças, mas sempre concordam em um ponto: devem ser perfeitamente normais. O que é normal? Ora essa, eles já são normais. Normal é aquele que segue os padrões cautelosamente aceitos pelo ser supremo do qual aqui tratamos.
Vários pensadores - os quais não critico, até admiro, meu problema é com o grande equívoco aqui tratado - pregaram sobre a paz. Ao meu ver, a paz deveria ser uma aceitação em massa que solucionaria os conflitos que tanto debatemos, entretanto ela é tratada como um meio de inclusão de indivíduos nessa atmosfera surreal.
A bem da verdade, é tudo uma bela porcaria. Ninguém é perfeito, ninguém é normal e não passamos de uma mentira bem contada. Afinal, se fosse o contrário, ninguém estaria disposto a seguir os parâmetros da normalidade. Manipuladores, te guiam como uma maré.

Um comentário:

Filipe de Paiva disse...

Esse texto me atingiu. E são poucos os que conseguem fazer isso. É profundo sem ser cansativo, flui naturalmente e impregna a mente. Reflexivo.