quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O amor do português

Seu Manoel era um homenzinho meia-idade; enérgico e disposto. Todos os dias acordava às seis, esperava passar o caminhão das verduras e abria o mercadinho às oito.
O mercadinho... Inaugurara seu próprio negócio quando ainda era casado com Isabel - um casamento feliz e sem herdeiros. Até tentaram, mas como os filhos não vieram, desistiram. Passaram-se os anos e Isabel abandonou-o, recebendo as dádivas da morte.
Enfim, só o que lhe restava era seu mercadinho. Era o todo e único amor do português: habitando um cômodo sete por cinco, abarrotado de mercadorias e lembranças - mais do que poderia suportar.

Título por Thamires Castro.

Um comentário:

Filipe de Paiva disse...

Tão coditiano e triste. Adoro isso nos seus textos.