Oitavo
andar. Esquina com a Avenida do Contorno, rua movimentada da capital. Zona Sul,
onde ninguém se importa com quem atravessa a rua, com quem está na rua, com quem
VIVE na rua. Importante é a marca da roupa que você usa e a maquiagem que você
coloca na cara de manhã pra cobrir toda infelicidade e insegurança. Não sei bem como começou, tão menos como acabei ali, mas
lá estava eu: encarando a janela do oitavo andar. A semana mal havia começado e
eu não conseguia tirar da cabeça a tal janela. Lembro dos livros espalhados na
mesa e da obrigação empilhada na minha cabeça... Acima de tudo, lembro da
solidão. Lembro de abrir a janela e sentir o vento soprar contra o meu rosto.
Lembro de olhar pra baixo e imaginar... Só entende quem já olhou pra janela e
encontrou a solução para todos os seus problemas. Ahh minha janelinha no oitavo
andar. Outro dia
passei por lá. Recordei
meus maus bocados, lembrei do fim que minha história ainda não teve.
sábado, 30 de abril de 2016
segunda-feira, 11 de abril de 2016
Profissional das unhas
O pai sempre foi criativo
Espancava com mangueira
Cabide e correia
Quando virou moça
Saiu de casa
Casou, e casou de novo
Criou filho sem pai
Seguindo a velha lei da maternidade:
Quem pôs no mundo foi tu!
Ontem chegou ao meu conhecimento
Foi morar na vila:
Favela não!
Tem até energia elétrica
E água encanada
- Esse poema é a reprodução de uma conversa que ouvi em um salão entre uma manicure, sua colega de trabalho e uma cliente.
Espancava com mangueira
Cabide e correia
Quando virou moça
Saiu de casa
Casou, e casou de novo
Criou filho sem pai
Seguindo a velha lei da maternidade:
Quem pôs no mundo foi tu!
Ontem chegou ao meu conhecimento
Foi morar na vila:
Favela não!
Tem até energia elétrica
E água encanada
- Esse poema é a reprodução de uma conversa que ouvi em um salão entre uma manicure, sua colega de trabalho e uma cliente.
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Todo poeta é fumante
Todo poeta tem um vício
Daqueles insaciáveis
Da cárie ao câncer
A chapa preta
O papel branco:
Meu vício é das teclas
O dela, das canetas
Poeta acha bonito
Se mutilar de dentro pra fora
Poeta acha gostoso
Beijo defumado
Poeta acha um charme
As pernas desnudas
Esperando o ônibus na calçada
Cigarro é um problema!
Mas não é problema de poeta
Problema de poeta
É organismo sem vício
Coração vazio
Exame de sangue impoluto
Versinho fajuto
Por isso digo:
Todo poeta é fumante
Inala a palavra
Absorve o conceito
E, quando já não dá mais pra segurar...
Exala o verso
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