quarta-feira, 6 de abril de 2016

Todo poeta é fumante

Todo poeta tem um vício
Daqueles insaciáveis 

Da cárie ao câncer
A chapa preta
O papel branco:
Meu vício é das teclas
O dela, das canetas

Poeta acha bonito
Se mutilar de dentro pra fora
Poeta acha gostoso
Beijo defumado
Poeta acha um charme
As pernas desnudas
Esperando o ônibus na calçada

Cigarro é um problema!
Mas não é problema de poeta
Problema de poeta
É organismo sem vício
Coração vazio
Exame de sangue impoluto
Versinho fajuto

Por isso digo:
Todo poeta é fumante
Inala a palavra
Absorve o conceito
E, quando já não dá mais pra segurar...
Exala o verso

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