quinta-feira, 4 de maio de 2017

VERÃO

O verão acabou.
As margaridas,
outrora coloridas,
floresciam por entre
as rochas dos jardins.
Os pássaros
cantavam hinos - “ia ia ô”,
as borboletas
sobrevoavam nossas
cabeças
e, juntos, tirávamos
os pés do chão.
Perto
ou longe
eu ouvia sua
risada e partilhava
sua alegria;
seu colo foi
meu consolo
ao fim da
primavera.
Foi num domingo
nebuloso
que o verão se encerrou.
A notícia voou
e refez
os passos e caminhos
tomados por você
em dias ensolarados de verão.
Hoje as nuvens choram
os pássaros não cantam
as borboletas dormem
nossos pés se grudam ao
chão como raízes profundas
de uma árvore centenária:
saudosa e amargurada.
É dia de colher
as margaridas.

Outono:
as folhas
secas se abraçam,
todas no chão,
e resistem
ao vento
frio que
sopra.
Em Belo Horizonte,
Cuiabá
e outras cidades
- que não couberam
na poesia,
foi anunciado
um rigoroso
inverno.
Se este verão
chega ao fim
com a ausência
do seu
toque,
o poeta,
desolado,
encerra
a poesia com
a nota:
seu riso gostoso,
seu coração gigante,
sua presença quente
estarão sempre
presentes
onde seus passos,
um dia,

estiveram.

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