PARTE I
a adrenalina
entranhada
no
desconhecido
a
excitação
do
primeiro
toque
o
descobrir
da pele
o êxtase
da
língua
molhada
a porta
abriu
o
telefone tocou
o beijo
acabou: afogado em culpa
PARTE II
O
espírito carnavalesco
em descompasso
com o calendário:
as datas
comemorativas
dificilmente
acompanham
os
sentidos do corpo
humano.
Descidas
de ladeira
pilares
de viadutos
ressaca
dos olhares
uma cama
de solteiro
desarrumada.
Bêbados
arruaceiros
dançam ao
som vermelho
de
Caetano Veloso...
Enquanto
o cotidiano
carregou
nas costas
o riso
de um bêbado,
a folia
dos carnavais
levou
consigo
as
migalhas
do outro
pobre
embriagado.
PARTE
III
a poesia
frouxa
encontrou
certezas
alheias
e
dissimulou
concordar
pois
queria os
adjetivos
difíceis
riscando
suas
folhas
de papel
em
branco
um
oceano de cabelos
escuros
como o universo
deve ser
durante a
noite
invadiu meu
quarto
quando eu estava
com frio
e chovia lá fora
citando
Drummond e outros
autores
que eu não gostava
naqueles
dias recitou meia
dúzia de
poesias e uma dúzia de
problemas
vislumbrou minha
figura e
eu questionei meu
reflexo
entregou
páginas
amareladas envoltas por couro
preto ao
espírito torto do
poeta
boêmio e depois cruzou
o oceano
de águas azuis
PARTE IV
no topo
de uma pilha de
sujeira
e arrependimentos
eu te
via bater as asas em
círculos
mas você decidiu fazer uma
faxina
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