Talvez a vida seja assim
Um eterno ciclo de frustrações e desesperanças
Que por um acaso ou outro
Acaba valendo a pena
E quando não vale
Qual o problema em acabar com o próprio sofrimento?
Tem gente que morre sorrindo
Tem gente que vive chorando
Que ironia desnecessária!
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
Nós dois
Muito fervor
Muito calor
Muito suor
Muito desejo
Muito beijo
Muito toque:
Pouco tempo,
Muita roupa!
Muito calor
Muito suor
Muito desejo
Muito beijo
Muito toque:
Pouco tempo,
Muita roupa!
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Eu sou um paradoxo
Uma antítese ambulante!
Uma figurinha Barroca:
Meio anjo, meio demônio
Meio tudo, meio nada
Sou um bilhão
Sou um quarto
Um quarto vazio,
O "quarto da bagunça"!
Sem cama e sem armário
Com um tapete manchado
Sobre o piso arranhado.
Às vezes (quase sempre)
Nem sei o que sou
Ou por quê o sou
Acho que sou o que sobrou
Fechado e chacoalhado
Com um pouco de água e bicarbonato
Prestes a explodir...
Uma antítese ambulante!
Uma figurinha Barroca:
Meio anjo, meio demônio
Meio tudo, meio nada
Sou um bilhão
Sou um quarto
Um quarto vazio,
O "quarto da bagunça"!
Sem cama e sem armário
Com um tapete manchado
Sobre o piso arranhado.
Às vezes (quase sempre)
Nem sei o que sou
Ou por quê o sou
Acho que sou o que sobrou
Fechado e chacoalhado
Com um pouco de água e bicarbonato
Prestes a explodir...
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Alma circular
Sou esférica.
Mais esférica que a Terra
Talvez a mais esférica da Terra
Na imensidão da minha redondisse.
Sou meio muito um pouco
De tudo ou só de alguma coisa
E, às vezes, penso que nem sou.
Tento me enquadrar e triangular
Mas todo lugar parece apertado:
Sou uma forma estranha
Com meus "pis" e radianos
Ângulos e incógnitas
Senos e cossenos... Detestável!
Pobre de mim
Rolando, rolando, rolando
Sem chegar a lugar algum
Recusando formas fixas e tangentes.
Mais esférica que a Terra
Talvez a mais esférica da Terra
Na imensidão da minha redondisse.
Sou meio muito um pouco
De tudo ou só de alguma coisa
E, às vezes, penso que nem sou.
Tento me enquadrar e triangular
Mas todo lugar parece apertado:
Sou uma forma estranha
Com meus "pis" e radianos
Ângulos e incógnitas
Senos e cossenos... Detestável!
Pobre de mim
Rolando, rolando, rolando
Sem chegar a lugar algum
Recusando formas fixas e tangentes.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Novembro
Doce Novembro
Inspira Dezembro
Com cheiro de verão
De fim de ano, de fim de tudo
Uma última chance:
Pra reviver (de novo)
Pra tentar (mais uma vez)
Pela última vez (talvez).
Inspira Dezembro
Com cheiro de verão
De fim de ano, de fim de tudo
Uma última chance:
Pra reviver (de novo)
Pra tentar (mais uma vez)
Pela última vez (talvez).
Poesia
A poesia está em tudo o que você pode tocar, sentir ou imaginar.
E, para o poeta, isso é matéria-bruta.
Entre um desajeito e outro é que acaba virando verso...
E, para o poeta, isso é matéria-bruta.
Entre um desajeito e outro é que acaba virando verso...
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Outros dois perdidos
(Ultimamente, tudo está perdido. Desconexo, sem sentido... Espero algum dia poder mudar e entender minha incapacidade perante os fatos - todos.)
Antônio Antônimo,
Avesso a algos, alguéns... Alguns.
Anti-capitalista, anti-esteticista, anti-televisivo, anti-adesivo: anti-eu.
Escrevo sem propósito. Como alguém que, sem querer, rabisca uma folha de papel enquanto fala ao telefone.
Antônio Antônimo,
Avesso a algos, alguéns... Alguns.
Anti-capitalista, anti-esteticista, anti-televisivo, anti-adesivo: anti-eu.
Escrevo sem propósito. Como alguém que, sem querer, rabisca uma folha de papel enquanto fala ao telefone.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Perdidos e desconexos
O desfile começou e esqueci de me vestir.
Pelada, assisti: também esqueci de aplaudir.
O ser humano pode ser morfologicamente definido. Entretanto, devemos considerar a sintaxe.
Tudo é eterno até acabar.
O problema do Carpe Diem é que, depois do dia, vem a noite.
Meus versos são tingidos.
Eu não vivia até começar a pensar: é uma pena ter morrido assim que comecei.
Pelada, assisti: também esqueci de aplaudir.
O ser humano pode ser morfologicamente definido. Entretanto, devemos considerar a sintaxe.
Tudo é eterno até acabar.
O problema do Carpe Diem é que, depois do dia, vem a noite.
Meus versos são tingidos.
Eu não vivia até começar a pensar: é uma pena ter morrido assim que comecei.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
O amor do português
Seu Manoel era um homenzinho meia-idade; enérgico e disposto. Todos os dias acordava às seis, esperava passar o caminhão das verduras e abria o mercadinho às oito.
O mercadinho... Inaugurara seu próprio negócio quando ainda era casado com Isabel - um casamento feliz e sem herdeiros. Até tentaram, mas como os filhos não vieram, desistiram. Passaram-se os anos e Isabel abandonou-o, recebendo as dádivas da morte.
Enfim, só o que lhe restava era seu mercadinho. Era o todo e único amor do português: habitando um cômodo sete por cinco, abarrotado de mercadorias e lembranças - mais do que poderia suportar.
Título por Thamires Castro.
O mercadinho... Inaugurara seu próprio negócio quando ainda era casado com Isabel - um casamento feliz e sem herdeiros. Até tentaram, mas como os filhos não vieram, desistiram. Passaram-se os anos e Isabel abandonou-o, recebendo as dádivas da morte.
Enfim, só o que lhe restava era seu mercadinho. Era o todo e único amor do português: habitando um cômodo sete por cinco, abarrotado de mercadorias e lembranças - mais do que poderia suportar.
Título por Thamires Castro.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
60 anos de indolência
Acendeu o cigarro e tragou. Tragou profundamente, como se fosse a última coisa que faria na Terra.
- Sabe...
Começou sua fala em tom cansado.
Nem mais os fantasmas de seu passado a reconheceriam. Outrora discursava avidamente para multidões sobre o universo, política e problemas sociais. Hoje, não passava de uma figurinha velha, possivelmente repetida, daquelas que ou vão para a recliclagem, ou ficam lá, esquecidas no fundo de alguma prateleira da banca de jornal.
- Não, é claro que você não sabe.
Sorriu com escárnio, observando rolar entre seus dedos a mesma débil chama que, pouco a pouco, aquecia-lhe a cova.
Era um jornalista meia-boca, aquele. Um jovem pedaço de nada, tão útil o quanto um patinho de borracha. Provavelmente fora mandado pela secção dos obituários para averiguar a (falsa) notícia de sua trágica morte por narcóticos - jornais locais adoram notícias de ex-celebridades mortas.
- Tentarei ser clara, senhor...?
- Sousa. Túlio Sousa.
- Hum.
Balbuciou, entortando os lábios rubros para uma nova tragada.
Quando recebera o telefonema para agendar a entrevista, perguntou do que se tratava. A secretária de voz irritante respondeu de forma vaga; "assuntos da atualidade". Certamente tinham espaço em branco para o jornal de segunda... Foi gentil e marcou o tal horário.
O homenzinho se intimidara pelo silêncio que inundou a sala. A mulher, pelo contrário: se via mergulhada na mudez, afogando-se em deleite.
- Você ia dizendo?
- Não me lembro.
- Ah...
Outro longo momento de quietude.
- Acho que íamos falar sobre a atualidade. Viu o caso do...?
- Você "acha"?
Interrompeu-o.
Bom era o tempo em que os jornalistas sabiam quais perguntas fazer.
Fez um gesto negativo com a mão livre.
- Deixa pra lá.
Fitou-o por cima dos óculos de grau.
- Nessa vida infame, aprendi quais são as três maiores tolices do mundo: massas, fanatismos e religiões.
Ele anotou. Ela obsevou. Ele parou; ouviu atento.
- Sim...?
- Mais nada. Pode ir embora.
- O quê?!
- Feche a porta quando sair.
- Sabe...
Começou sua fala em tom cansado.
Nem mais os fantasmas de seu passado a reconheceriam. Outrora discursava avidamente para multidões sobre o universo, política e problemas sociais. Hoje, não passava de uma figurinha velha, possivelmente repetida, daquelas que ou vão para a recliclagem, ou ficam lá, esquecidas no fundo de alguma prateleira da banca de jornal.
- Não, é claro que você não sabe.
Sorriu com escárnio, observando rolar entre seus dedos a mesma débil chama que, pouco a pouco, aquecia-lhe a cova.
Era um jornalista meia-boca, aquele. Um jovem pedaço de nada, tão útil o quanto um patinho de borracha. Provavelmente fora mandado pela secção dos obituários para averiguar a (falsa) notícia de sua trágica morte por narcóticos - jornais locais adoram notícias de ex-celebridades mortas.
- Tentarei ser clara, senhor...?
- Sousa. Túlio Sousa.
- Hum.
Balbuciou, entortando os lábios rubros para uma nova tragada.
Quando recebera o telefonema para agendar a entrevista, perguntou do que se tratava. A secretária de voz irritante respondeu de forma vaga; "assuntos da atualidade". Certamente tinham espaço em branco para o jornal de segunda... Foi gentil e marcou o tal horário.
O homenzinho se intimidara pelo silêncio que inundou a sala. A mulher, pelo contrário: se via mergulhada na mudez, afogando-se em deleite.
- Você ia dizendo?
- Não me lembro.
- Ah...
Outro longo momento de quietude.
- Acho que íamos falar sobre a atualidade. Viu o caso do...?
- Você "acha"?
Interrompeu-o.
Bom era o tempo em que os jornalistas sabiam quais perguntas fazer.
Fez um gesto negativo com a mão livre.
- Deixa pra lá.
Fitou-o por cima dos óculos de grau.
- Nessa vida infame, aprendi quais são as três maiores tolices do mundo: massas, fanatismos e religiões.
Ele anotou. Ela obsevou. Ele parou; ouviu atento.
- Sim...?
- Mais nada. Pode ir embora.
- O quê?!
- Feche a porta quando sair.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Pedaço de "Faz de Conta"
Faz de conta que aquele dia não acabou
Que o sol não se pôs, que a Lua não veio
Faz de conta que ainda estamos juntos
Aos sorrisos, carícias e uns poucos olhares
Distantes de qualquer arrependimento
Faz de conta que ainda te guardo no peito
E que na recíproca se faz verdade
Quando você fecha os olhos e pensa em mim
Faz de conta que tudo vai acontecer de novo
Do mesmo jeito que foi ontem
E que vou poder dormir tranquila
Sabendo que amanhã vai ser assim também.
Que o sol não se pôs, que a Lua não veio
Faz de conta que ainda estamos juntos
Aos sorrisos, carícias e uns poucos olhares
Distantes de qualquer arrependimento
Faz de conta que ainda te guardo no peito
E que na recíproca se faz verdade
Quando você fecha os olhos e pensa em mim
Faz de conta que tudo vai acontecer de novo
Do mesmo jeito que foi ontem
E que vou poder dormir tranquila
Sabendo que amanhã vai ser assim também.
A verdade dos momentos é tão passageira que às vezes nos questionamos se foi mesmo verdade.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Primeiro ato
Os tambores soaram chamando a atenção do público. Os olhos curiosos tomaram uma mesma direção; à espera do show. As luzes se apagaram e a ânsia inundou o ar. Os tambores cessaram; silêncio. O holofote iluminou o palco e as cortinas se abriram; todos aplaudiram a vida.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
27 pra meia-noite
Alguns de meus ídolos morreram jovens
Outros viveram o suficiente para serem esquecidos
Alguns se importam com idades
Outros dizem ser apenas documentação
Eu, particularmente, acredito no legado.
Outros viveram o suficiente para serem esquecidos
Alguns se importam com idades
Outros dizem ser apenas documentação
Eu, particularmente, acredito no legado.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Vermelho
Morangos, maçãs, cerejas
Vinho barato em cima da mesa
Fogo que arde
Se apaga em saudade
- dos lençóis, das flores, das bocas
Toda faísca se perde no espaço
Culpado: vermelho
Vermelho sangue
Vermelho malícia
Vermelho nazista
Se o bem criou 'vermelho'
Dele o mal se aproveitou
Creditou sentidos ruins
À maldita cor carmim
Nele fez pecado
Incendiou todo um inferno
E tudo para se provar vermelho
Início e fim de tudo o que é terreno.
Vinho barato em cima da mesa
Fogo que arde
Se apaga em saudade
- dos lençóis, das flores, das bocas
Toda faísca se perde no espaço
Culpado: vermelho
Vermelho sangue
Vermelho malícia
Vermelho nazista
Se o bem criou 'vermelho'
Dele o mal se aproveitou
Creditou sentidos ruins
À maldita cor carmim
Nele fez pecado
Incendiou todo um inferno
E tudo para se provar vermelho
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Volúpia
Ela tem a alma de um demônio e o corpo de um anjo. Seus olhos são duas navalhas afiadas, profundos e profanos. Seus lábios se formam na carne crua, em cor de fogo e ar teimoso. As mãos são redes de nós bem atados, seu toque condena e faz cada segundo no inferno valer a pena. Os sussurros traduzem a ladainha das sereias; me perco em devaneios. Estou viciado no veneno do seu existir, cauterizado pelo te querer, amargurado pelo não te ter. Como pôde alguém ser capaz de colocar tamanho sofrimento em um único ser?
Talvez um dia - amanhã - quando o sol raiar, nos deixemos levar e acordemos ambos em outro lugar, nossos corpos perdidos em lençóis vermelhos, afogados no teu sangue.
Talvez um dia - amanhã - quando o sol raiar, nos deixemos levar e acordemos ambos em outro lugar, nossos corpos perdidos em lençóis vermelhos, afogados no teu sangue.
domingo, 2 de maio de 2010
Já extrai da essência
A vida não passa de uma densa neblina:
Embaça o certo
Confunde o honesto
E de repente me encontro nesse quebra-cabeças de cabeças não tão quebradas
Lastimando estilhaços
De vis espelhos rachados
Provo do fel
Vivo o réu
Encaro a cruz: por quê?
Embaça o certo
Confunde o honesto
E de repente me encontro nesse quebra-cabeças de cabeças não tão quebradas
Lastimando estilhaços
De vis espelhos rachados
Provo do fel
Vivo o réu
Encaro a cruz: por quê?
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Detesto gente convencional
É muito mais divertido ser uma criança deturpada, um adolescente vivente, um adulto revoltado, um idoso irado. É daí que nasce a veia artística...
segunda-feira, 12 de abril de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
É tudo na matéria
Sempre pensei me dar melhor com a química do que com a física.
Agora vejo como estava enganada. Enquanto a química faz algazarra das minhas moléculas, a física deixa tudo mais gostoso.
Agora vejo como estava enganada. Enquanto a química faz algazarra das minhas moléculas, a física deixa tudo mais gostoso.
quarta-feira, 24 de março de 2010
Inocência traquina
Ainda era um filhotinho quando saiu do ninho
Voou, voou, voou
Intimidado, afagado e guiado pela brisa
- que a ele parecia uma ventania
Viu o que tinha para ser visto
Provou o que tinha para ser provado
Até que foi freado pelo silêncio do crepúsculo
Pela ressaca da injeção de adrenalina
E então caiu em si,
A vida não mais fazia sentido
Só, lhe restava o vazio das longas horas noturnas.
Voou, voou, voou
Intimidado, afagado e guiado pela brisa
- que a ele parecia uma ventania
Viu o que tinha para ser visto
Provou o que tinha para ser provado
Até que foi freado pelo silêncio do crepúsculo
Pela ressaca da injeção de adrenalina
E então caiu em si,
A vida não mais fazia sentido
Só, lhe restava o vazio das longas horas noturnas.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Um pouco de mundo
Somos todos gente pequena
Querendo ser gente grande.
Somos todos bem amados
Querendo ser idolatrados.
Somos todos bem feitores
Querendo ser revolucionários.
Trabalho por trabalho,
O salário é o suficiente
Mas ainda pode ser aumentado.
Amor por amor,
Não basta o ato de amar
É necessário marcar.
Vida por vida,
O tempo está correndo
E ainda seguimos uma rotina.
Uma esmola não compra seu terno, juiz
Ajudar a velhinha não te faz melhor, criança
O tamanho da alinça não é prova de amor, rapaz
Sua vida não vale mais que a dele, bandido
Jurar não é falar a verdade, é apenas afimar o que se acredita, você.
Querendo ser gente grande.
Somos todos bem amados
Querendo ser idolatrados.
Somos todos bem feitores
Querendo ser revolucionários.
Trabalho por trabalho,
O salário é o suficiente
Mas ainda pode ser aumentado.
Amor por amor,
Não basta o ato de amar
É necessário marcar.
Vida por vida,
O tempo está correndo
E ainda seguimos uma rotina.
Uma esmola não compra seu terno, juiz
Ajudar a velhinha não te faz melhor, criança
O tamanho da alinça não é prova de amor, rapaz
Sua vida não vale mais que a dele, bandido
Jurar não é falar a verdade, é apenas afimar o que se acredita, você.
terça-feira, 9 de março de 2010
Só outro pensamento
"Valor é o sentimento atribuído a algo que já não se tem mais."
Isso porque eu ainda estou pra conhecer alguém que dê pleno valor a tudo o que tem no presente. Olhos de perda são muito mais sensíveis...
Isso porque eu ainda estou pra conhecer alguém que dê pleno valor a tudo o que tem no presente. Olhos de perda são muito mais sensíveis...
sábado, 6 de março de 2010
Deixe a luz acesa
Em algum momento você vai sair. Não precisa ser agora, não precisa ser depois. Não precisamos marcar hora. Eu só queria te pedir, quando sair, deixe a luz acesa. Foi muito difícil acendê-la da primeira vez, e eu não sei se consigo fazê-lo de novo.
Tenho medo de ficar sozinha. Tenho medo do escuro. Tenho medo de não estar sozinha no escuro.
Então por favor, quando for embora, não esqueça de deixar a luz acesa. Por mais que a claridade permita que eu enxergue sua ausência, eu ainda terei comigo a certeza de que um dia você esteve aqui.
Tenho medo de ficar sozinha. Tenho medo do escuro. Tenho medo de não estar sozinha no escuro.
Então por favor, quando for embora, não esqueça de deixar a luz acesa. Por mais que a claridade permita que eu enxergue sua ausência, eu ainda terei comigo a certeza de que um dia você esteve aqui.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Band-aid
Abriu o maço, puxou um cigarro. Enterrou a mão no bolso do jeans. Não tinha fogo. Suspirou em agonia, sentou em busca de alívio. Rolou o cigarro de um dedo a outro. Ele caiu, ela deixou onde estava. Retirou da sacola de supermercado uma lata de cerveja barata. Abriu. Não degustou, apenas bebeu. E passou o resto da tarde observando o movimento dos carros.
segunda-feira, 1 de março de 2010
"The end has no end"
Meus pilares estão em detrimento
Meu deus já não existe
"Meus heróis morrem de overdose"
Tento correr... Pra onde?!
O chão desaba enquanto ando
O controle se esvai de minhas mãos
Me perco do mundo
Me encontro no nada
Estou num universo apocalíptico
Meu deus já não existe
"Meus heróis morrem de overdose"
Tento correr... Pra onde?!
O chão desaba enquanto ando
O controle se esvai de minhas mãos
Me perco do mundo
Me encontro no nada
Estou num universo apocalíptico
Ps.: "Inspiração induzida pelo tédio; a escola em muito me é útil."
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Escrevo com os olhos
Com o perdão das palavras
E até mesmo do que agora sinto
Afirmo escrever com os olhos.
Sei que não amo
Sei que não quero
Sei que não faço
Sei que não espero.
Aqui neste peito
Bate um coração vazio
Que nada bombeia
Além do rubro sangue
Ainda corrente em minhas veias.
Portanto repito
Não sinto, apenas observo
E quem escreve observações
Escreve com os olhos.
E até mesmo do que agora sinto
Afirmo escrever com os olhos.
Sei que não amo
Sei que não quero
Sei que não faço
Sei que não espero.
Aqui neste peito
Bate um coração vazio
Que nada bombeia
Além do rubro sangue
Ainda corrente em minhas veias.
Portanto repito
Não sinto, apenas observo
E quem escreve observações
Escreve com os olhos.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Meu cubinho de gelo
Você é como um cubo de gelo.
Quando saído do refrigerador
Em forma de pedra
Se derrete nos meus braços
Como manteiga fria
Na panela quente.
Mas depois de derretido
É preciso ter cuidado
Pois se não refrigerado
Evapora e vai embora
Me deixando aqui
Na incerteza da sua volta.
Te queria em uma só fase
Nem pedra e nem água
Logo ali no zero grau
Parte rígido, parte amor
Porque sentimento enjoa
E indiferença afasta.
Quando saído do refrigerador
Em forma de pedra
Se derrete nos meus braços
Como manteiga fria
Na panela quente.
Mas depois de derretido
É preciso ter cuidado
Pois se não refrigerado
Evapora e vai embora
Me deixando aqui
Na incerteza da sua volta.
Te queria em uma só fase
Nem pedra e nem água
Logo ali no zero grau
Parte rígido, parte amor
Porque sentimento enjoa
E indiferença afasta.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Então!
Sou frustração.
Um projeto inacabado
Perdido nesse mundinho fracassado
Sou contradição.
A voz da razão equivocada
No meio da multidão de frente pro nada
Sou introversão.
Uma mentira mal-contada
Encerrada entre risadas, bem como uma piada
Eu sou nada.
Um projeto inacabado
Perdido nesse mundinho fracassado
Sou contradição.
A voz da razão equivocada
No meio da multidão de frente pro nada
Sou introversão.
Uma mentira mal-contada
Encerrada entre risadas, bem como uma piada
Eu sou nada.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
O elixir da depravação
Perante as luzes foscas e coloridas que predominam durante o fim de noite, sejam elas vindas da chama de um isqueiro ou de um poste castigado pelo tempo, então refletidas na água turva de cor repugnante acumulada entre a calçada e o asfalto esburacado da rua, já sem forças para escoar para o bueiro mais próximo, tropeçam os bêbados que com frequência não vêem algum relevo em seu trajeto e esganiçam as mulheres já transfiguradas pela idade e profissão.
Alguns carros bonitos passam depressa, como uma breve ilustração ao cenário. Eles não querem ser parte daquele ambiente deteriorado, portanto... fogem. As "crianças" mais destemidas também costumam andar por ali, como uma aventura de fim de noite. Vão às gargalhadas, com copos vazios nas mãos e cigarros misteriosos entre os dedos finos. Simulam ser parte da sujeira local, mais uns poucos habitantes, mas bem sei que se amedrontam a cada sirene policial que toca ao fundo, soando como o sax em seu solo num jazz conhecido. Também não tardam a sumir de vista.
Alguns cães vadios se recostam nas portas de aço do comércio adormecido, pois já estão cansados de perseguir gatos, motos e até mesmo pessoas que enfim nada lhes têm a oferecer. Os gatos, agora em tranquilidade, perambulam pelos becos mais próximos e reviram todo o tipo de lixo a fim de encontrar algo digerível. Também há um grupo afastado que mia horas a fio na presença de uma fêmea no cio. Não são agradáveis, mas os transeuntes já se acostumaram àquele som terrivelmente irritante.
Alguns homens mal encarados e de aparência suspeita dão voltas no quarteirão com as mãos enterradas nos bolsos das jaquetas. Não é preciso especificar o que fazem ali... Mesmo que as respostas sejam diversas, são previsíveis.
Finalmente, o sol surge preguiçoso no horizonte. Aquele lugar não é o seu favorito, ele é generosamente estúpido pra gostar de depravação.
Alguns carros bonitos passam depressa, como uma breve ilustração ao cenário. Eles não querem ser parte daquele ambiente deteriorado, portanto... fogem. As "crianças" mais destemidas também costumam andar por ali, como uma aventura de fim de noite. Vão às gargalhadas, com copos vazios nas mãos e cigarros misteriosos entre os dedos finos. Simulam ser parte da sujeira local, mais uns poucos habitantes, mas bem sei que se amedrontam a cada sirene policial que toca ao fundo, soando como o sax em seu solo num jazz conhecido. Também não tardam a sumir de vista.
Alguns cães vadios se recostam nas portas de aço do comércio adormecido, pois já estão cansados de perseguir gatos, motos e até mesmo pessoas que enfim nada lhes têm a oferecer. Os gatos, agora em tranquilidade, perambulam pelos becos mais próximos e reviram todo o tipo de lixo a fim de encontrar algo digerível. Também há um grupo afastado que mia horas a fio na presença de uma fêmea no cio. Não são agradáveis, mas os transeuntes já se acostumaram àquele som terrivelmente irritante.
Alguns homens mal encarados e de aparência suspeita dão voltas no quarteirão com as mãos enterradas nos bolsos das jaquetas. Não é preciso especificar o que fazem ali... Mesmo que as respostas sejam diversas, são previsíveis.
Finalmente, o sol surge preguiçoso no horizonte. Aquele lugar não é o seu favorito, ele é generosamente estúpido pra gostar de depravação.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Presos na prosa
Os ponteiros do relógio rodam e rodam, mas parecem não sair do lugar. Talvez o relógio nada mais seja que uma prisão de vidro, invisível. Assim como o tempo. Esperto o cara que inventou esse tal relógio.
Você fala. Eu rebato. O que estávamos jogando mesmo? Ah, é verdade. Jogávamos conversa fora. Horas a fio gastas sem intuito - pensemos assim.
Não tarda, já brigamos. Por um momento, te repugno. Não quero nem ouvir seu nome.
Bem, também não tarda e já não quero viver sem ti.
O que fazíamos? Me esqueci, mas mudando de assunto, vamos falar do tempo. Falar do tempo... Que fim. Não para um metereologista. Ei, você é um metereologista? Supus que não.
Agora eu te quero. É meu maior desejo. Mas vamos brigar daqui a pouco, não vamos resistir. Afinal de contas, nós ainda estamos presos na rotina prosa, não é?
O cara que inventou a prosa já não era tão esperto assim... Ele só sabia observar.
Você fala. Eu rebato. O que estávamos jogando mesmo? Ah, é verdade. Jogávamos conversa fora. Horas a fio gastas sem intuito - pensemos assim.
Não tarda, já brigamos. Por um momento, te repugno. Não quero nem ouvir seu nome.
Bem, também não tarda e já não quero viver sem ti.
O que fazíamos? Me esqueci, mas mudando de assunto, vamos falar do tempo. Falar do tempo... Que fim. Não para um metereologista. Ei, você é um metereologista? Supus que não.
Agora eu te quero. É meu maior desejo. Mas vamos brigar daqui a pouco, não vamos resistir. Afinal de contas, nós ainda estamos presos na rotina prosa, não é?
O cara que inventou a prosa já não era tão esperto assim... Ele só sabia observar.
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